O preço de uma concessão

“A idéia pareceu-me boa”. (Dt 1.23)

O livro de Deuteronômio inicia-se com uma recapitulação de Moisés sobre o que havia acontecido nos quarenta anos de trajetória de Israel rumo à Terra Prometida. Temos o relato desse líder lembrando a ocasião em que o povo havia chegado à montanha dos amorreus: “Eis que Iaweh teu Deus te entregou esta terra: sobe para possuí-la, conforme te falou Iaweh, Deus de teus pais. Não tenhas medo, nem te apavores” (Dt 1.21 – BJ).

A ordem de Deus era simples: “A terra é de vocês. Entrem para possuí-la!”. Mas o povo teve uma ideia “melhor”: Preferiu que alguns homens fossem à frente explorar a região, antes de todo Israel entrar. Até Moisés achou boa a ideia e escolheu doze homens para essa tarefa. Ele esqueceu, por um instante, que não fora essa a ordem de Deus. A consequência disso foi que a incredulidade do povo só se acentuou, e o pior de tudo: Deus se irou contra Israel e prometeu que aquela geração não entraria na Terra Prometida, exceto Josué e Calebe, os dois corajosos guerreiros que confiaram no Senhor (Dt 1.34-40).

É interessante o que esse relato ensina: pequenas concessões podem promover grandes desastres. O engano de Moisés, ao ceder à vontade do povo, em vez de seguir firmemente a determinação divina, lhe rendera quarenta anos de desgastes, pelas inúmeras rebeldias do povo; também o levara a ver toda a primeira geração de israelitas morrer, sem entrar em Canaã. Com certeza, não vale a pena trocar a ordem de Deus pela opinião popular.

Eudoxiana Canto Melo