LIBRAS: a língua da inclusão

Talvez soe redundante dizer que a educação é a maior arma da humanidade. Afinal, é consenso: aqueles que têm acesso a ela estudam substancialmente sobre isso; os que não têm a desejam com grande afinco. Isso porque na educação reside o poder de transformar a realidade de quem a acessa, não importando raça, origem ou condição, pois o custo do saber não esbarra em preconceitos, mas sim em empenho, coragem e determinação.

No dia 23 de abril comemora-se o dia Nacional da Educação de Surdos. Nesse dia importa lembrar que não foi pouco o empenho empreendido por essa comunidade para que hoje todo surdo tenha o direito garantido ao aprendizado e ao seu pleno desenvolvimento, através de uma educação igualitária. Porém, sabemos que nem sempre foi assim, pois muitos tiveram que lidar com uma realidade bem diferente. Sendo considerado com menor capacidade de aprender, o surdo já teve seu acesso à educação vilipendiado. Apesar de D. Pedro ll ter inaugurado, em 1857, uma escola para surdos no Brasil, tempos depois houve uma proibição ao uso de gestos como forma de comunicação, acarretando um retrocesso que durou muitos anos. Nesse ínterim o povo surdo foi imensamente prejudicado no acesso ao aprendizado e, consequentemente, ao mercado de trabalho. A falta de uma renda digna somada ao alto custo dos tratamentos auditivos prejudicou, e muito, a inclusão do surdo na sociedade. Mas, enfim o direito a usufruir de sua própria língua foi conquistado e, outra vez, a porta se abriu para essa batalhadora comunidade.

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) foi oficialmente considerada a língua própria do povo surdo brasileiro em 2002. Regulamentada, tornou-se matéria obrigatória em cursos superiores como pedagogia e fonoaudiologia, o que propicia ao surdo não somente o direito ao efetivo aprendizado, mas também sua inserção no mercado de trabalho e na sociedade como um todo, legitimando sua identidade peculiar de povo: que se comunica, não com uma língua fonada – tal qual os ouvintes -mas com uma língua expressada em gestos; garantindo-lhe, assim, o protagonismo da sua própria história.

Jesus, nosso Mestre, ensinou que o seu caminho também requer instruir, educar e formar. A boa nova da salvação também precisa ser ensinada. Nós, como igreja de Cristo, precisamos nos esforçar para que nossos irmãos surdos tenham acesso à educação mais poderosa de todas: o Evangelho. Ele tem poder de transformar não apenas a realidade dessa vida, mas também gerar conhecimento para a salvação eterna!

Fica aqui um convite a você: aprenda um novo idioma esse ano, aprenda LIBRAS! Afinal, como disse Jacques Delors, nessa vida precisamos aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.[1]

 

 

 

Juliana Menezes Duque José é enfermeira, casada com o Pastor Felipe José, mãe do Pedro e do Samuel. É líder da Secretaria de Inclusão da Igreja Adventista da Promessa e serve a Cristo na Igreja do bairro de Santana, São Paulo – SP, como líder do Ministério de música.

[1] Quatro Pilares da Educação para o Século XXI, relatório “Educação, um Tesouro a descobrir”, de Jacques Lucien Jean Delors.