
Atualmente, ouvimos muito se falar sobre a importância dos exercícios físicos para a saúde. Basta ir ao médico e logo vem a recomendação. Eles são, de fato, fundamentais. De modo semelhante, se quisermos ter saúde espiritual, precisamos praticar exercícios espirituais sempre, como a oração, a leitura devocional da Bíblia, o jejum e outros. Hoje, vamos refletir a respeito do exercício da entrega. Foi recomendado pelo Médico dos médicos, Jesus, mas mesmo assim, às vezes não o praticamos.
Entendendo o exercício
Um dia fomos pecadores perdidos. Sem Deus, sem paz e sem esperança no mundo (Ef 2.12). Porém, Deus, por seu amor, nos encontrou novamente e nos ofereceu a possibilidade de salvação em Jesus Cristo (Jo 3.16; At 4.12). Foi então que, convencidos pelo Espírito (Jo 16.7-8), escolhemos nos “entregar” a Jesus. Essa foi a “Entrega das entregas”. Daí por diante, todas as nossas decisões são pautadas – ou devem ser – na vontade de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Em Romanos 12.1, somos convocados a continuar nos entregando a Deus, diante de sua graça incomparável. Paulo diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Neste texto, percebemos como deve ser a vida daqueles que foram salvos pelo Salvador: uma vida de entrega, que cultue a Deus.
Mais que um momento, o culto para o salvo passa a ser a integralidade de sua vida (1 Co 10.31). Por isso, o apóstolo Paulo, nos orienta a entregar nosso corpo. Ele deve ser a oferta no “altar de Deus”. A orientação é que ele seja um sacrifício: vivo, santo e agradável. A palavra “vivo” diz respeito à totalidade de nossa entrega; “santo” quer dizer que nossa vida deve obedecer à Palavra de Deus; tudo isso é “agradável” ao Senhor, se oferecermos nossos corpos não para o pecado, mas para a vontade santa de Deus.
Em vez de rituais, Deus quer um culto espiritual (1 Pe 2.5). Em vez de touro, bodes e ovelhas, o nosso próprio corpo, a nossa vida. Salvos pelo Filho de Deus, agora, por meio dele, temos condições de oferecer um culto aceitável ao Pai. É com essas qualidades que Deus espera que nos ofereçamos em sua presença.
Como diz John Stott, sobre estas três expressões, esse culto: “Não é para ser prestado nas cortes do templo ou no edifício da igreja [apenas], mas sim na vida do lar e no mercado de trabalho.” O texto de Romanos 12.1 é expressado exatamente assim na paráfrase da Bíblia “A Mensagem”: “Portanto, com a ajuda de Deus, quero que vocês façam o seguinte: entreguem a vida cotidiana de vocês – dormir, comer, trabalhar, passear – a Deus, como se fosse uma oferta. Receber o que Deus fez por vocês é o melhor que podem fazer por ele”.
Para que isso ocorra, precisamos de uma constante lembrança de que sempre estamos cultuando a Deus. É disso que trata o exercício espiritual da entrega. Ele consiste em, diariamente, apresentar diante de Deus nossa vida de maneira que lhe agrade, que santifique seu nome por meio de nossos pensamentos, palavras e ações.
O pastor brasileiro Enéas Tognini conta uma experiência grandiosa com Deus. Ele disse que Deus pediu-lhe tudo e ele entregou: bens, posições, sonhos. Mais aí o Senhor lhe surpreendeu, dizendo que faltava ainda entregar uma coisa. Pr. Enéas perguntou: “O que, Senhor?” “A biblioteca!”. Após o episódio, o pastor se desfez de sua biblioteca, onde estudava, tornando-se um dos maiores líderes cristãos do Brasil. A história dele parece ser um exagero, mas isso lhe revelou onde estava seu coração. E nós, o que precisamos entregar a Jesus? O que devemos abrir mão ou desfazer, que possa nos impedir de entregar nossa vida de maneira integral ao Senhor? Tal reflexão precisa ser constante e esse exercício espiritual de entrega a Deus tem que ser praticado todos os dias.
Praticando o exercício
O que fazer?
1) Verifique em sua vida quais projetos podem estar lhe afastando do Senhor;
2) Verifique se você tem dado prioridade mais às coisas supérfluas do que às necessárias;
3) Peça, em oração, para o Senhor lhe mostrar as áreas de sua vida que você ainda não dedicou totalmente a ele;
4) Apresente diariamente a Deus essas áreas. O Espírito Santo vai moldar sua vida e assim, em oração, entregue sua vida ao Senhor!
Fonte: O Clarim edição 65 – páginas 18-20