
Imagina o que você pensaria se avistasse uma mulher sozinha, prostrada, balbuciando palavras incompreensíveis. Poderia achar que ela não estava em seu estado normal, que estaria delirando ou mesmo embriagada. Quando a gente não conhece as motivações, acaba julgando pelo que vê. Nem mesmo um homem de Deus, o sacerdote Eli escapou disso, pois julgou que aquela mulher no templo de Siló estava bêbada logo de manhã. Ele não sabia que se tratava de uma alma aflita e amargurada, porém, em seu juízo perfeito e ciente do que desejava, pois foi buscar seu propósito no lugar certo: a casa de Deus.
Essa mulher era Ana, mãe de Samuel, o primeiro grande profeta depois de Moisés. Sua história está registrada nos dois primeiros capítulos do livro de I Samuel e é a prova do poder da oração. Ela não podia ter filhos e seu caminho até a maternidade não foi nada fácil, pois na época não havia tratamentos, barriga de aluguel e nem a prática da adoção. Além disso, na sociedade em que vivia o valor da mulher estava intimamente ligado à sua fertilidade. Se não bastasse, Ana era provocada e humilhada por uma rival dentro de sua própria casa, o que poderia tê-la levado a desistir e se isolar em sua dor.
No entanto, na busca de seu sonho, ela não agiu movida pelas circunstâncias. Ela superou os obstáculos motivada pela fé em Deus, a quem conhecia e com quem tinha intimidade. Como resultado, algum tempo depois daquela cena triste, sua alma angustiada deu lugar a um cântico de alegria ao trazer nos braços seu filho Samuel e dedicá-lo à casa do Senhor, como havia prometido.
Ana soube esperar e sua oração foi respondida. Sua história nos dá exemplo de fé, de persistência e de humildade. No entanto, é possível que muitas mulheres passem por dilemas semelhantes mas não alcancem o mesmo resultado, abrindo caminho para perguntas como: Por que Deus não me ouve? Preciso orar mais? Será que a minha fé não é suficiente?
Olhando para a história de Ana percebemos que na resposta de Deus havia propósito para sua vida, para a vida de seu filho e para a nação de Israel, numa situação em que sua fé e a vontade de Deus cooperaram para o resultado. Assim como na vida dela, há propósito de Deus para a vida de cada pessoa, de cada mulher, seja ela casada ou solteira, tenha filhos ou não. É certo que temos sonhos e expectativas; que sofremos porque nos cobramos e somos cobradas. Porém, a nossa angústia não pode nos tornar ingratas e amarguradas, sob o risco de nos impedir de compreender a nossa missão no mundo e desfrutar daquilo que Deus nos dá.
Ana teve fé, persistiu e foi agraciada. Sua história nos motiva a continuar confiando no amor e no cuidado de Deus em qualquer circunstância, entendendo que Ele não age no acaso; há propósito para tudo! Ele pode responder imediatamente, ou pode usar o tempo de espera para moldar o nosso caráter cristão e provar a nossa fé. Mas também pode ter para nós planos diferentes daqueles que imaginamos.
Entender o propósito de Deus traz paz, segurança, dá forças para prosseguir e manter a alegria em qualquer momento da vida.
Romi Campos Schneider de Aquino, mãe do Henrique e do Davi, auxilia no pastorado de seu marido, Luciano Lopes nas Igrejas Adventistas da Promessa de Ana Terra e Monte Castelo, em Colombo – PR e faz parte da equipe do Ministério de Vida Pastoral Geral.